Fala-nos um pouco da tua experiência profissional.
Licenciado em Comunicação e Design Multimédia em Coimbra, com programa de Erasmus em escola conceituada de design de Istanbul, cheguei a Lisboa para estagiar sem ter noção das agências e da realidade profissional.
Comecei por estagiar na Central de Comunicação, antes da fusão com a Brandia. Foi em marketing relacional que comecei por praticar o pensamento criativo, em campanhas de ponto de venda ou decoração de eventos com conceito para clientes como Moda Lisboa, McDonalds, Brasserie d’entrecoute, entre outros. Esta experiência de 3 meses de muita dedicação e suor valeu-me vários prémios no Clube de Criativos de Portugal, bem como no New York Advertising Festival. A partir daqui ingressei em várias agências de topo, como a antiga EuroRSCG. A tempo inteiro no departamento digital da EuroRSCG, criámos a marca TAG, inteiramente digital, da qual fui o responsável visual durante o tempo que estive na agência. Depois fui para a Fullsix, a minha maior escola digital, onde fiquei mais de 4 anos a aprender inserido nos melhores projetos digitais que se faziam em Portugal. Todas as semanas existia um projeto digital novo na rua. Foi, seguramente, a altura mais intensa e recompensadora com prémios em todos os festivais nacionais de criatividade e design digital. Segui para a Partners, líder no mercado da criatividade e com o maior número de prémios ganhos em todos os festivais possíveis. Além do valor criativo da equipa, cada colaborador é responsável pelo desenvolvimento do seu projeto, seguindo uma metodologia particular que permite envolver as pessoas no processo de uma forma muito interessante.
Hoje sou freelancer. Faço projetos de UX & UI design, bem como branding, e ilustração. Tenho um cliente no Tagus Park que me permite desenvolver o meu potencial gráfico e digital ao mesmo tempo, sendo a parte tecnológica o maior desafio. Dou aulas, e tento preparar cada matéria de acordo com cada turma e ambiente de ensino.
O que mais e menos te emociona na tua profissão?
O que me move e faz acordar cedo todos os dias, desde sempre, é a certeza de fazer o que gosto, independentemente de cada processo mais ou menos doloroso, pois não há agências perfeitas, nem nós somos perfeitos. É saber aceitar isto e evoluir como equipa, dando assim mais valor aos projetos onde estou envolvido. Cada projeto é uma nova aprendizagem e uma nova metodologia.
Quais foram as tuas maiores inspirações que te levaram a escolher esta profissão?
Desde que me lembro que me incentivavam a desenhar, e foi sendo natural a minha facilidade e criatividade em ambientes artísticos. Sobressaindo nas aulas, bem como no dia a dia de criança e adolescente sempre a tentar construir e criar mundos próprios, desde casas nas árvores a rampas de skate, tudo o que me pudesse puxar pela criatividade e dar asas à imaginação.
Ingressei no 10º ano na formação tecnológica de design, onde aprendi desde cedo sobre branding, comunicação e teoria do design, fazendo projetos com as ferramentas da altura, Coreldraw e já algum photoshop. Aprendi que podemos ser pagos por ter ideias, e adaptando isso a visuais que consigam exprimir e comunicar um ponto de vista, suscita em mim muita vontade, pareço um miúdo a cada novo projeto, como quando recebe uma prenda.
E hoje em dia? Quais são as tuas maiores fontes de inspiração?
Hoje vivo de exemplos reais, de vida, que criem em mim essa inspiração. Viajar é preciso, muito e sempre! É quase uma rotina para não perdermos o olhar diferenciador, a parte que nos move enquanto seres humanos a certos comportamentos. Desde sempre que viajo para ver arte, desde Madrid e a Arco, ou Moma em Nova Iorque. Ir a festivais de design, como o Offf, entre outros, faz parte desta sede que tenho em aprender mais e saber o que se faz pelo mundo da criatividade. Muitas vezes também sou inspirado por tudo o que está longe do ambiente de agência ou criatividade, pelo que procuro nos meus amigos com visões e vidas o mais opostas possíveis às minhas, ter esse entendimento com o que os motiva e leva a criar certas atitudes.
No fundo, sou apaixonado por interação, e perceber o que me rodeia é o que mais me fascina. Também as áreas onde me sinto bem, tais como: o skate, surf, música, ou yoga, acabam por me definir e ter em mim aquilo que me faz ser “eu” no processo criativo, de vida e trabalho.
E trabalhos teus? Quais foram os que deram mais gosto trabalhar/participar?
Todos os projetos foram importantes, mas há sempre uns que se demarcam por estarem mais inseridos naquilo que nos situa no estilo de vida.
Criar a marca digital Tag foi sempre interessante devido ao seu universo próprio, permitiu enfatizar a criatividade e promover visuais surrealistas, tendo sempre em conta o target. Axe permitiu fazer bons projetos que implicavam sempre equipas maiores, o que me fascina por proporcionar a troca de valores e experiências. Em Axe foi necessário modelos, fotógrafos, diretores de fotografia, vídeo, produção, e tudo isto dá muito mais valor aos projetos. McDonalds também foi um bom cliente, pois permitiu o mesmo modo de interação com equipas dedicadas à concretização duma ideia, e isso tem muito valor.
Tive muita sorte em trabalhar com clientes que me permitiram crescer, trabalhando sempre projetos criativos que puxaram por mim e me tornaram melhor designer, criativo, e pessoa. Só tenho a agradecer à Jb, Lg, Moche, Tmn, Optimus, ctt, fnac, adidas, entre outros.
Dá-nos a tua opinião daquilo que achas que vai ser tendência no design digital.
Tendência digital é o analógico, é a forma como levamos aquilo que era fora de moda, ou apenas vintage, e criamos no digital, tendo em conta todos os aspectos tecnológicos inerentes. Ter a noção que estamos no digital, mas de uma forma próxima, craft. As pessoas são o centro de tudo, por isso é nesse conforto de cada um que se inserem as tendências que facilitam a vida.
Indica dois livros de referência para quem quer aprender mais um pouco sobre esta área.
Deve-se começar por entender o meio e as pessoas, assim entendemos comportamentos. Tudo no digital parece técnico, mas não no comportamento humano, que é instintivo. Por isso, entendo que temos que começar por perceber sobre comunicação, estratégia e pessoas. Depois existem bons livros que abrem a mente: Paul Arden e Seth Godin conseguem captar através de outros pontos de vista, sem se tornarem uma “seca” de ler. Aconselho “the art of looking ide ways” e “it’s not how good you are, it’s how good you want to be.”
O que gostas de fazer nos teus tempos livres?
Sou dado à natureza, preciso de ar livre. Procuro acordar cedo e fazer o máximo possível fora de casa. Adoro água, e surf faz parte de mim desde miúdo, bem como o skate e a música. Por isso, dedico parte da minha vida a estas áreas, que se desenvolvem para a fotografia e vídeo, sempre com estes temas. Também me dou ao social, desde exposições, a cinema ou concertos. Tudo faz parte da forma como me manifesto na vida.
Qual a sua opinião sobre a EDIT.?
A cada ano que passa a EDIT. torna-se cada vez mais a escola digital de eleição, com mais tutores profissionais da área, bem como uma estrutura capaz de dar resposta às várias exigências, tornando assim possível uma formação à medida de cada procura, com uma real capacidade de preparação para a vida real.
O que o levou a aceitar o desafio de lecionar na EDIT.?
Aceitei o desafio de lecionar na EDIT. para sair da minha zona de conforto, para ser capaz de situar o pensamento de design criativo e técnico, num ambiente de formação. Acabo por ter que aprender mais e mais, todos os dias, para conseguir também dar a cada aluno a atenção e dedicação a cada nível de aprendizagem.
Como descreve a metodologia de ensino na EDIT.?
A metodologia de ensino da EDIT. passa muito por aquilo que faço diariamente há mais de 12 anos, sendo por isso um reflexo da vida de agência. De forma sucinta, aprende-se as bases e a capacidade de dar resposta aos mais variados projetos, sempre com intuito digital, sendo a criatividade e a apresentação final o mote de cada lição.
Explique-nos como preparou as matérias e as dinâmicas das aulas.
As aulas são preparadas de acordo com a evolução de cada turma e aluno. As tendências são também a parte forte das aulas com a visualização de muitos cases, que permitem aos alunos uma aproximação ao que melhor se faz na área. Depois passamos à parte prática, visto todo o curso ter uma forte componente prática, exigindo assim uma evolução natural entre temáticas de aprendizagem.
E em relação ao projeto final 360º Digital Campaign? O que acha?
O projeto 360º acontece com briefing real de cliente real, apresentado aos alunos pela própria marca, permitindo no final do curso um ambiente de agência. O pitch final é feito entre várias turmas, associando um briefing que depois tem a resposta por parte de cada turma dedicada. O sucesso tem sido cada vez maior com apresentações criativas bem ao gosto dos clientes e com uma aceitação acima da média.
Qual a sua opinião antes e depois de lecionar na EDIT.? Mudou alguma coisa
Sinto que a minha presença na EDIT. tem sido uma mais-valia para mim, ao nível do meu processo pessoal, visto adorar lecionar, bem como aprender com cada pessoa que passa na minha vida. As aulas são informais, mas com bastante exigência teórica e prática.
A EDIT. teve algum contributo na sua carreira profissional?
Com a EDIT. tenho estado mais próximo de uma nova vaga de licenciados de design, permitindo-me aprender com eles, o que é uma troca de informação e aprendizagem bem interessante. Fico satisfeito pelo interesse que existe por me terem como tutor e por conseguir ajudar muitos alunos a ultrapassar uma fase, pois um handicap digital já não será mais um problema nas suas vidas. O mesmo comigo, tornando-me cada vez mais um melhor profissional.
Recomendaria os cursos da EDIT. a alguém? Como descreve as mais-valias dos cursos?
Recomendo os cursos de EDIT. a todos os que queiram aprender e integrar agências ao nível digital, com uma capacidade de resposta real aos briefings ou qualquer problema técnico que surja no dia a dia.
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